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The Spiritual Process



Eu Não Sou o Corpo


Muito bem. “Eu não sou o corpo” o que é que significa “Eu não sou o corpo”? Significa: eu não sou o complexo corpo-mente. Isto não é apenas um Mantra ou um lembrete no meio das atividades diárias consideradas normais. Até pode ser usado como um Mantra ou um lembrete, mas é preciso ir muito além disto. “Eu não sou o corpo”: este ensinamento é um convite... Um convite para que vejas que não és o corpo e nem a mente. A todo momento, um monte de investimentos estão em andamento; para satisfazer as necessidades do corpo, as necessidades emocionais, as necessidades mentais. Mas se eu não sou o corpo e nem a mente, para que tudo isto então? Hoje em dia, esta expressão “Eu não sou o corpo”, este ensinamento... é usado de uma forma um pouco ingênua, ainda. Mas isto é suposto despertar o fogo do Buscador da Verdade, o fogo do seu trabalho espiritual. Quando ele começa a conseguir afirmar quietude, afirmar silêncio! parando com todos os investimentos... O mundo, a ilusão... tremerá com a sua presença! Nesta ingenuidade do “Eu não sou o corpo”, surge a ideia de que: “não precisa de mais nenhum investimento em trabalho espiritual, pois, meditação é para o corpo e para a mente; e se eu não sou o corpo e a mente, porque então meditar?”. Sim, isto está corretíssimo. Mas entenda... meditação é a última coisa que deve parar! a última... Quando mais nenhuma necessidade receber atenção, perturbar o silêncio,  a quietude, então, meditação seguir-se-á.

Será o próximo item a ser largado. No entanto, enquanto houverem outras necessidades além desta... esta é melhor continuar. Porque se não, apenas estás a te enganar. E eu falarei sobre meditação especificamente em um outro áudio. Mas entenda: meditação vai muito além de concentrar numa técnica. E nos outros áudios, eu faço questão de mencionar e volto a mencionar: as motivações e a atitude devem estar no lugar certo. Pois, do contrário, podes meditar por 40 ou 50 anos, não vai fazer diferença nenhuma. A todo momento o corpo precisa de comer, o corpo precisa de abrigo; o corpo precisa de outros corpos; de se reproduzir; precisa de afeto, de carinho, de amor, de compreensão e aceitação; de valorização, de significado... Que lista tão grande! E ao observarem esta lista, vão perceber com clareza, que aquilo que chamas de “tua vida” tem isto por base; isto e outras coisas que não interessa falar agora. Mas estas necessidades estão na base: necessidades do corpo e da mente. E se eu não sou o corpo e nem a mente, porque é que estou a satisfazer tudo isto? Mas assim você diz: - “Mas não pode ser diferente, há coisas que não dá para questionar”. E eu digo, dá! Mas para questionares, com certeza, vais ter que passar pelo fogo. Vais ter que passar por todos esses sofrimentos inerentes a essa crença: de que és o corpo. Para que possas então ver! Qualquer uma delas dá para questionar. Está cheio de exemplos em teu redor… e dizes: - “Mas pelo menos o corpo tem que comer”. Não, não tem! E mesmo que tenha, mesmo que tivesse... Será que precisa de comer tantas vezes? Tanta quantidade? Até quando, até que ponto é que se pode reduzir? Porque as necessidades - o funcionamento e necessidades - que conheces do corpo; daquilo que chamas “o teu corpo”, diz respeito ao tipo de atividades no qual o corpo está imerso. Pelo menos por enquanto… Porque até isso, até isso poderá ser visto de forma diferente. As relações causa e efeito, elas são aparentes apenas; mas isto é um outro assunto. Mas se olhares à tua volta, o mundo inteiro - aquilo que chama de mundo inteiro – os outros estão a te mostrar que tudo aquilo que tu afirmas, não é verdade. Que pode ser contrariado, pode ser diferente... Então, têm pessoas que comem dez vezes por dia, têm pessoas que comem três vezes por dia, têm pessoas que comem uma vez por dia; e têm pessoas que não comem, sim, não comem! e nem por isso estão mais esclarecidas do que tu. Os outros te mostram a irrelevância das tuas convicções.

Não para que as abandones. Mas para que retires a importância das mesmas. O que te interessa é o que te prende a ti; e da forma como te prende. E tudo isso pode ser questionado, deve ser questionado! Deves questionar o teu mundo de importâncias. E as necessidades que emergem ai, são elas que importam quebrar. “Eu não sou o corpo”, essas não são as minhas necessidades… O que fores conseguindo: boa! Já as outras, continua a trabalhar. Continua a intensificar o silêncio, a quietude; e será inevitável. Todas elas, você verá que não tinha a relevância que lhes atribuías. E mais adiante poderás ver que não tinham relevância nenhuma. Mas terá que ser questionado. E se permaneceres firme, abstraindo-te dos investimentos para a satisfação dessas necessidades; mantendo-te firme no “Eu não sou o corpo”... Primeiro tu tremerás! Suportarás dores indescritíveis, que também não são tuas; são do corpo, do complexo corpo-mente, do indivíduo. Depois, ao permanece-te firme, livre! Pois, firme significa: livre dessas necessidades ou da satisfação das mesmas. Aí o mundo tremerá. “Eu não sou o corpo”, não há necessidade de satisfazer quaisquer necessidades. Com isso, aquilo que chamas “a tua vida”, deixa de ter importância... que nunca teve, aliás. Esses investimentos tornam-se desnecessários. Para a maioria não resta nada... Para uns poucos, resta o mais importante: mais tempo, mais silêncio, mais quietude. E é neste silêncio, no silêncio do “não tenho mais nada para fazer”, “não tenho mais nenhum lugar para onde ir”. E é neste silêncio/ liberdade, que começa a dissolução. Não basta apenas dizer: - “não tenho mais nada para fazer”, “não tenho mais para onde ir”. E, logo em seguida, entra o próximo equívoco: - “deixa fluir então e ver o que acontece”. Já era! Não tenho mais nada para fazer, não tenho mais para onde ir; e que a atenção repouse na quietude, no silêncio, na divina presença, na Minha Presença… Neste silêncio, antes, sempre presente e antes de qualquer fenômeno surgir. Neste espaço íntimo de observação. Ali é o portão da liberdade: ali começa e ali termina. Quando isto não te é possível e, ainda assim, a busca pela Verdade pulsa no teu coração; começa pelo o que te é possível! Mas não te esqueças disto... Mantém em perspectiva. E ao avançares, um por um, no que te é possível agora; depois, aquilo que não era possível, passará a ser possível. São passos de fogo, não apenas o entretenimento intelectual… 

Não tendo mais nenhum lugar para onde ir! Não tendo mais nada para fazer! permanecendo constantemente na Tua presença, no Teu silêncio, na Tua quietude; o portão da Liberdade abrirá as suas portas: não tendo mais nada para fazer, não tendo mais nenhum lugar para onde ir… De contrário, quer seja uma história com características aparentemente mais espirituais ou com características mais mundanas, não faz diferença nenhuma! História, movimento ruído, equívoco, ilusão! O caminho espiritual é um caminho de fogo! de fogo… Não é água, não é emocionalismo: é fogo! “Eu não sou o corpo”, eu tenho que ver! depois tanto faz… Um Buscadores da Verdade, age como um Buscador de Verdade e não como um Conhecedor da Verdade. Fazer de conta não serve para nada. Todos os ensinamentos estão aí para que tu vejas. Mas para isto, terás que ter a coragem de ver; de questionar por ti mesmo! Não adianta, ninguém poderá fazer isto por ti... Orientação poderá vir, mas fazer por ti? ninguém! Não tem porque... Tu és um Leão, não és um gatinho. Levanta-te e ruge, questiona! Não adianta dizer: - “Eu não sou o corpo” e depois andas a rastejar por aí para satisfazer todas as suas vontades. Não adianta, só te estás a enganar. Mas a todo momento o convite está aí. Questiona! Atreve-te! Ousa… porque se começas a abstrair destes investimentos, se começas a nadar contra a corrente; todos te vão apontar o dedo... e se ainda estiveres preso a essas “necessidadezinhas”, irás sucumbir; pela necessidade de ser aceito, por todas essas necessidades… que são do corpo e da mente, não tuas. “Eu não sou o corpo” não é apenas um exercício de estilo; é uma afirmação de fogo que deve ser seguida pela atitude condizente, para que possas ver! Porque todas essas necessidades de fato não são tuas, nem se quer são do corpo! nem sequer são do corpo... As necessidades do corpo que conheces agora, tem a ver com as necessidades de um corpo imerso em atividades mundanas. Um corpo de Buscador da Verdade - ao serviço da busca pela Verdade - não tem necessidades... Até chegar a este “não tem necessidades”, elas vão reduzindo intensamente, intensamente... até quase nada! e depois “nada”… Mas este “nada” também não é importante; pois quando chegar nesta fase, não será importante. E depois grita uns: - “Ah, mas temos que comer”. Não… também não temos que comer; o corpo não tem que comer… Pesquisa!

Tem muita gente por aí – que nem por isto, é mais espiritual – e que não come. E, que, também, nem por isto, é mais esclarecida; por muito que até seja “espiritualizada”; seja lá o que isso queira dizer. E não come... nada! E essas coisas estão todas por aí a tua volta, não para que tu sigas este ou aquele caminho. Mas cada caminho anula o outro por oposição. Para que, assim, percebas a relatividade de tudo isso! Mas é no teu mundo, nas tuas crenças... essas são importantes para ti! quebrar com elas… Quebrar com a ilusão! E, não, encontrar a Verdade…. Mas, sim, quebrar com a ilusão! Não, abraçar a Verdade! Mas, sim, abrir mão da ilusão, dos equívocos… Eu não sou o corpo, nem a mente, nem as emoções: estas necessidades não são minhas, logo, não haverão investimentos neste sentido. Muitas considerações podem e, com certeza, farás ao ouvir estas palavras. Dúvidas, perguntas? coloque-as! Se elas forem sérias, com a atitude correta, eu as responderei. Lembra-te, quando não tiveres mais para onde ir, nem mais o que fazer; quando já nada disto te interessar; quando apenas silêncio, quietude, contemplação e entrega estiverem presentes; o portão da liberdade não terá outra opção, senão se abrir. Esse portão não é tu que vais abrir. Abrir-se-á, revelar-se-á! no momento certo, quando tudo estiver no seu lugar… para aqueles que dizem “ser o corpo” e ter que trabalhar através do corpo para a Liberdade; existe um monte de coisas que os ultrapassam. Para aqueles que dizem “não ser o corpo” e que nada é necessário; existe um monte de coisas que os ultrapassam. O que andas em busca, não está depois de um monte de coisas; está antes, antes… Permanece na quietude, no silêncio, da Tua divina presença, na Tua presença… 

O Mundo, os outros… mesmo até a maioria dos movimentos que falam de Liberdade, estão aí para te manter entretido. Porque, por enquanto, é exatamente assim que queres permanecer. Mas há perguntas aí que não se calam… Para a maioria são inaudíveis no meio de tanto ruído. Para outros, não são inaudíveis e não se calam. “Eu não sou o corpo”, diz o esperto: - “Se eu não sou o corpo e nem a mente, para que é que vou meditar? Meditação é para o corpo e para a mente”. No entanto, isso pode ser visto de uma outra forma: - “Se eu não sou o corpo e não sou a mente e entretenho um monte de outros investimentos; Por que não meditar? Qual é o problema de meditar? E já que eu não sou o corpo e não sou a mente; se eu vou meditar ou se o corpo vai meditar, não importa a posição em que está!”. Então, se não importa a posição em que o corpo está, porque o corpo não fica reto, firme e imóvel?Vamos ver se importa ou se realmente não importa!

Por que todos estes ensinamentos, são um convite para que vejas! Se o corpo não permanece reto, imóvel... não há silêncio, não há quietude no corpo! Se a mente não permanece quieta, imóvel... não há quietude na mente! Então, a crença de que és o corpo continua firme e forte... firme e forte. “Eu não sou o corpo” é um convite para que vejas. Mas para isto terás que questionar todas as necessidades emergentes. A maioria vive numa identificação primária, básica; com as necessidades do corpo físico – que a cada ano, a cada período de vida do corpo físico, mudam - e assim vão mudando os interesses, as buscas... sem perceber que isso não tem nada a ver com NADA: apenas necessidades fisiológicas, orgânicas! E que numa questão de tempo apenas, passarão! O que era certo ontem, hoje deixou de ser; e amanhã será ridículo... E aí continuas tu, que nem uma marionete no meio de tudo isso. Não adianta repetir frases bonitas! Afirma e questiona aquilo que chamas do “teu mundo”; atreve-te a questionar: - “Eu não sou o corpo, portanto, estas necessidades emergentes não são minhas; logo, não existe qualquer razão em satisfazê-las; permanecerei na quietude, no silêncio, abstraído de tudo. Se isto não é possível, trabalharei para tornar isto possível; não desistirei enquanto isto não se tornar a realidade que é; enquanto eu não ver isto por mim mesmo…”. “Não tenho mais para onde ir”, “Não tenho mais o que fazer”: a minha atenção repousa na fonte, na identidade... na minha identidade! no meu silêncio, na quietude… repousa ali.

~Sriman Narayana


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