Retiro:
01 a 12 de fevereiro de 2023
A forma de começar o meu relato tem de ser expressando muita gratidão. Toda estrutura e vibração são realmente voltadas a introspecção. O lugar atende todas as necessidades. Comida excelente e acomodação confortável. Pessoas muito atenciosas e voltadas ao ato de servir. Tudo perfeito. Aí que entra o trabalho de cada participante.
Eu vim doido para passar pela experiência, entretanto, no primeiro dia vi que o negócio ia ser um desafio do caramba. Ali vi que o negócio era calculado. Desistir nunca foi uma opção, mas confesso que foi uma possibilidade em dado momento. Tive a percepção real de que sou meu principal obstáculo. Sou minúsculo, um circo na imensidão do cosmos.
É muito nítido como o mecanismo de sobrevivência tenta te sabotar perante o desconforto. O desconforto físico é o mais complicado no início. O trabalho de “vencer” a si mesmo é o real propósito, de retornar aqui. É impressionante como criamos e vivenciamos a ilusão criada por nós. Movidos ao medo e ao apego esquecemos quem somos. O que me dava esperança em algum momento é saber que sou eterno. A certeza de que não sou o que pensava ser e que tenho muito mais trabalho a fazer internamente. Todas as minhas expectativas acerca do retiro foram frustradas. Não tive nada do que queria, mas acredito que tive muito do que precisava. Reconhecer e sentir minha pequenez me mostrou e me trouxe muita humildade.
O complexo corpo/mente te engana demais. A ilusão é muito bem feita. A consciência ou Deus é a única realidade. Consciente de estar consciente. Passar pelo caos sem ver o caos. Não tornar as coisas mais difíceis do que são.
Gratidão define a experiência.