O Processo Espiritual

Então, chegou uma pergunta - uma pergunta que responderei em um próximo áudio - que continha expressão: "professores de Satsang"... Bom, me parece - até pelo entusiasmo com que ouço os buscadores falarem sobre professores de Satsang - pelo entusiasmo, me parece que é algo importante. Mas na realidade, eu não entendi ainda esse conceito de: professores de Satsang. Por acaso Satsang ensina-se? Há algo para ensinar...? É uma metodologia em si? É um workshop? Não consigo entender este conceito. A natureza, ou, ilusão - como a queiram chamar - seduz... entretém os ignorantes e os sábios, da mesma forma. Mas, no fundo, a coisa é muito simples; existem apenas os Buscadores da Verdade e os Conhecedores da Verdade - ambos, extremamente raros - e quando eu digo raros... RAROS! Então, existem os casos, daqueles que imaginam serem Conhecedores da Verdade. E esses, bom... não interessa comentar agora... nem depois. Agora, esse novo fenômeno: daqueles que não assumem ser Conhecedores da verdade e, ainda assim, partilham Satsang - seja lá o que isto queira dizer – isto sim, é muito estranho! Tão estranho o fato deles se sentarem nessa posição, quanto é estranho os outros se reunirem em volta. Duas coisas muito estranhas. Mas quando um buscador tenta receber algo, a aprender algo - seja lá com lhe queiram chamar - de alguém que não faz nem a mínima ideia do que está a falar. Não é natural que surjam um monte de confusões?? É Natural.

 

Para aquele que se senta nessa posição e que ainda é um buscador assumido: Atenta! Pois estás a semear mais confusão. Já não é uma responsabilidade apenas para com o teu processo. E se não sabes do que estás a falar... o que estás aí a fazer? Porque é que estás aí? Tem tanta coisa neste mundo para ter evidência; mas assumir isso?? hmm, vai brincando… Já para os buscadores que estão sentados aí... o que estás aí a fazer? Possivelmente, não estás muito alinhado ainda com a busca pela Verdade. Tu investiu muito neste novo estilo de vida “alternativo” e, desta forma, tu buscas, a todo momento, confirmar as tuas crenças. E é por isso que estás aí, só pode... Ainda é um caminho de acumular conhecimento, conceitos; e uma necessidade no sentido de que confirmem o teu mundo. Quando estiver com um Conhecedor da Verdade sério, ele não vai confirmar as tuas crenças; mas, sim, te ajudar a quebrá-las - o que é muito diferente - sejam elas quais forem. Sem a atitude correta, sem motivação correta... estarás errado com os conceitos certos. E isto não te servirá de nada. Pode ser a filosofia mais avançada... não servirá de nada! Até agora, tudo isso floresce - porque isto está perto de ti - então, significa que esses ensinamentos estão indo até você. Mas, quando a coisa se torna a sério: és tu que vais até o ensinamento. E só para ires ao ensinamento, já vai significar  “deixar um monte de coisas para trás”. Não dará para conciliar… 

 

Conhecedores da Verdade, Buscadores da Verdade... o resto é paisagem. Um Conhecedor da Verdade, não usa metodologias. Apenas busca por metodologias, aquele que imagina que a Verdade é algo que está além dele. Por esse equívoco, busca como referência, tudo que satisfaça esta necessidade equivocada. Um Buscador da Verdade não pode, não tem como usar uma metodologia. Embora seja reconhecida uma linguagem mais comum... e repetida em relação à orientação: é evitável. Mas um Conhecedor da Verdade sabe da tua ilusão. E do que se faz necessário para quebrar com ela; para te ajudar a transpor o teu mundo de crenças. Então, poderá até fazer referências - e fará - a outros sistemas... a outras práticas... Mas a sua orientação irá direto na tua vida, revirando- a ao contrário, de ponta-cabeça. Não há nada que tu possas dizer e afirmar com convicção, que não possa ser quebrado pela mesma razão. E isso denuncia a validade de tudo isso, que é: NENHUMA. Um Conhecedor da Verdade vai te ajudar a enxergar isso. Cada pergunta que tu fazes, mostra a tua ilusão. Tu até podes pensar que estás à procura de determinada resposta; mas ao fazeres a pergunta, estás a abrir a porta, estás a convidar que algo chegue aí. E, muitas vezes, se não, quase sempre, O Conhecedor da Verdade usa esse espaço, essa abertura, para te dar aquilo precisas receber; e não aquilo que tu querias receber. E é ele quem sabe o que está a fazer! Jamais terás condições de saber. Logo, ou é um processo sério que vem do teu coração; que respeitas... ou tanto faz. O mais lógico, o menos lógico: tanto faz! Enquanto for um processo de decisões, não é um processo vivo ainda. E por muito que até estejas a receber orientações de um Conhecedor da Verdade; se estiver no meio - a validar ou a invalidar - és tu que ainda é o mestre. A mais alta sabedoria na boca do ignorante, não tem validade nenhuma… 

 

Seriedade... é uma palavra que, hoje, faz muita falta. De certa forma, todos andam à procura disto sem saber que é disto que andam à procura; que é disto o que mais necessitam: Seriedade... A Busca pela Verdade não é um "part-time", não é um hobby. Um Conhecedor da Verdade não é um professor de Satsang! Não é o "joão-da-esquina." É uma oportunidade para ti... uma oportunidade. No mínimo, uma oportunidade. De te ajudar a alcançar, o que de mais sagrado tem: o Auge... a Fonte. Até poderão vir outros - como tem acontecido - que tentam transformar as palavras de um Conhecedor da Verdade, numa metodologia. Isso tem sido feito constantemente, mas, com certeza, que isso não será obra do Conhecedor da Verdade. Ele usará os meios necessários, que apenas ele sabe e entende; e não uma medida que serve para todos. Mas cruzar-te com um Conhecedor da Verdade, é difícil… Continuar e poder receber, mais difícil ainda... pois não dá para forjar; não dá para falsificar. Tu até podes entrar num Satsang e começar a avaliar e etc, e etc... Mas, na realidade, é você que estás a ser avaliado: se tens alguma coisa de real aí dentro e se tens condições para dar continuidade.

 

No infantário, as crianças são recebidas; e dependendo do nível de consciência dos que lá estão; existe um grau, uma atenção - maior ou menor - em fazer as crianças se sentirem bem, acolhidas, cuidadas; dependendo do entendimento do que é “cuidado”. Agora, se vais para a faculdade, isso já não se torna uma premissa básica; pois, já és um ser independente; supostamente autossuficiente; estás ali para receber algo. E assim é, quando entras no local onde a premissa é: que te sintas bem independentemente das tuas fragilidades - que é o mesmo que Jardim de Infância. Mas é suposto cresceres além disso: o caminho espiritual morto, ou seja, aquele que possas te etiquetar e pôr na prateleira... Porque na realidade o caminho espiritual é algo vivo, fluido, intenso e único... não dá pra fazer em grupo, não dá... Muito bem…

 

~Sriman Narayana